DOI: 10.17151/rasv.2021.23.2.10
Como Citar
Hilal, R. ., & Neves, Y. R. . (2021). Produzindo o público e o privado no deslocar e no habitar: diálogos cruzados entre etnografias de práticas de caronas e de formações permaculturais no espaço urbano. Revista De Antropología Y Sociología : Virajes, 23(2), 203–226. https://doi.org/10.17151/rasv.2021.23.2.10

Autores

Renata Hilal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
renatadhn@gmail.com
Perfil Google Scholar
Yuri Rosa Neves
Universidade Federal de Pernambuco
nevyuri@gmail.com
Perfil Google Scholar

Resumo

Desenhar fronteiras entre espaço público e privado nas cidades urbanas contemporâneas se articula com reflexões sobre a ação de intervenção do Estado para regulação do uso comum do espaço frente aos interesses e demandas de uso privado de indivíduos, grupos sociais, e/ou corporações. Se a posse coletiva dos espaços remete aos domínios de ação de diversos agentes monitorados pelo Estado em função de seu poder de governabilidade (Foucault, 2012), a apropriação privada dos espaços tende a ser associada a figura do indivíduo e a esfera de suas ações. A proposta deste trabalho surge do diálogo entre duas pesquisas etnográficas: uma sobre a prática de deslocamento de carona na cidade de Florianópolis (SC, Brasil) e a outra sobre as práticas de formação e construção de habitação permaculturais em Porto Alegre e Pelotas (RS, Brasil). Nos interessa pensar como estas podem vir a borrar e desestabilizar fronteiras imaginadas/construídas entre o que é público e privado a partir de um olhar para as infraesutruturas (Star, 1999;  Larkin, 2013). 

Augé, M. (1994). Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus.

Augé, M. (2010). Por uma antropologia da mobilidade. Edufal Unesp.

Anderson, B. (2008). Comunidades Imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Companhia das Letras.

Arantes, A. A. (2000). A guerra dos lugares. Mapeando zonas de turbulência. Em A. Arantes. Paisagens paulistanas. Transformações do espaço público (pp. 104-129). Editora da Unicamp.

Benjamin, W. (1994). O Narrador. Magia e Técnica, Arte e Política - ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas. (Vol. I, 2ª ed.). Editora Brasiliense.

Callon, M. (1998). El proceso de construcción de la sociedad. El estúdio de la tecnologia como herramienta para el análisis sociológico. Em M. Domènech e F. X. Tirado (Orgs.). Sociología simétrica: ensayos sobre ciencia, tecnologia y sociedade (pp. 143-170). Gedisa.

Carlson, D. (1972). Thumbs out: Ethnography of Hitchhiking. Em J. P. Spradley e D. W. McCurdy (eds.). The Cultural Experience: Ethnography in Complex Society (pp. 137–146). SRA. https://archive.org/stream/culturalexperien00spra#page/146/mode/2up

Conceição, M. L. (2015). O Topocídio da Ponte Hercílio Luz. Resgate - Rev. Interdiscip. Cult., 23(2), 119-130. https://doi.org/10.20396/resgate.v23i30.8645811

Dalakoglou, D. e Harvey, P. (2012). Roads and Anthropology: Ethnographic Perspectives on Space, Time and (Im)Mobility. Mobilities, Routledge, 7(4), 459–465. https://doi.org/10.1080/17450101.2012.718426

Da Matta, R. (1997). A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. (5ª ed.). Rocco.

Das, V. e Poole, D. (2004). Anthropology in the Margins of the State. School of American Research Press.

De Certeau, M. (1994). A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Vozes.

Deleuze, G. e Guattari, F. (1997). Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. (Vol. 4.) (S. Rolnik, Trad.). Ed.34.

Eckert, C e R., Carvalho, A. L. (2011). Etnografia da duração nas cidades em suas consolidações temporais. Política & Trabalho, PPGS-UFPB. Revista de Ciências Sociais, 34, 107-126. https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/12185

Eckert, C. R. e Carvalho, A. L. (2013). A etnografia da duração. Marcavisual.

Figueira, G. M. (2015). Mobilidade colaborativa no Brasil: um estudo de caso sobre as iniciativas de carona na economia colaborativa. Anais do Congresso Nacional em Excelência de Gestão, 13-14.

Foucault, M. (2012). Cap. 17. A Governabilidade. Em M. Foucault. Microfísica do Poder (pp. 407-431). Graal.

Graham, S. e Marvin, S. (2001). Splintering Urbanism: Networked Infrastructures, Technological Mobilities and the Urban Condition. Routledge.

Habermas, J. (2002). A Inclusão do Outro. Edições Loyola.

Herzfeld, M. (1992). The social production of indiference. Exploring the symbolic roots of Western bureaucracy. The University of Chicago Press.

Hilal, R. (2014). Casa da Árvore: um estudo sobre a construção de uma Casa viva. Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências: Universidade Federal de Pelotas, Pelotas – RS.

Hilal, R. (2018). Encontros com a permacultura: etnografia de aprendizagem entre lugares (Dissertação de Mestrado). Federal do Rio Grande Sul, Porto Alegre – RS.

IBGE, Cidades. Censo 2016. http://www.ibge.gov.br

Keller, M. C. e Silva, E. do N. (2010). Carona: uma alternativa para a mobilidade urbana em Florianópolis. Mosaico Social - Revista do Curso de Ciências Sociais da UFSC, 5, 204-219.

Kendall, P. (2016). Sharing the Road: The Post-Internet Hitchhiker. Journal of Visual and Media Anthropology, 2(1), 40-55.
https://www.academia.edu/36280465/Sharing_the_Road_The_Post_Internet_Hitchhiker

Larkin, B. (2013). The politics and poetics of infrastructure. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, 42, 327-343.
https://doi.org/10.1146/annurev-anthro-092412-155522

Latour, B. e Woolgar, S. (1997). A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Relume Dumará.

Laviolette, P. (2014). Why did the Anthropologist Cross the Road? Hitch-Hiking as a Stochastic Modality of Travel. Ethnos: Journal of Anthropology, 379-401. https://doi.org/10.1080/00141844.2014.986149

Mahood, L. (2014). Hitchin’ a Ride in the 1970s: Canadian Youth Culture and the Romance with Mobility. Histoire sociale / Social History, XLVII(93), 205-227. https://www.researchgate.net/deref/http%3A%2F%2Fdx.doi.org%2F10.1353%2Fhis.2014.0021

Medeiros, V. A. S. (2006). Urbis Brasiliae ou sobre cidades do Brasil: inserindo assentamentos urbanos do país em investigações configuracionais comparativa (Tese Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília.

Mitchell, T. (1999). Society, economy and the state effect. Em G. Steinmetz (ed.). State/ Culture. State-formation after the cultural turn (pp. 76-97). Cornell University Press.

Neves, Y. R. (2018). Caronas Antropológicas nas ruas de Florianópolis (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS.

Neiburg, F. (2007). As moedas doentes, os números públicos e antropologia do dinheiro. Mana, 13(1), 119-151. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93132007000100005

Perrot, M. (1992). Maneiras de morar. Em M. Perrot (org.). História da vida privada. V. 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra (pp. 307-323). Companhia das Letras.

Proença, R. L. (2002). Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(49),115-134.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69092002000200008&script=sci_abstract&tlng=pt

Purkins, J. (2012). Cap. 8. The Hitchhiker as Theorist: Rethinking Sociology and Anthropology from an Anarchist Perspective. Em R. Kinna (ed.). The Continuum Companion to Anarchism (pp.140-161). Continuum International Publishing Group.

Reis, A. F. (2012). Ilha de Santa Catarina: permanências e transformações. Ed. UFSC.

Rial, C. S. (1988). O mar-de-dentro: A transformação do espaço social na Lagoa da Conceição (Dissertação de Mestrado). UFSC, Florianópolis, Brasil.

Rocha, A. L. C. e Neves, Y. R. (2019). A intuição do tempo no estudo antropológico da prática de carona: notas metodológicas de pesquisa. Revista de Estudos e Investigações Antropológicas, 6(2), 46-72. https://periodicos.ufpe.br/revistas/reia/article/view/243526

Schuch, P. (2015). A Legibilidade como Gestão e Inscrição Política de Populações: notas etnográficas sobre a política para pessoas em situação de rua no Brasil. Em C. Fonseca e H. Machado (Org.). Ciência, Identificação e Tecnologias de Governo (pp. 121-145).

Scoot, J. (1998). Seeing Like a State. How Certain Schemes to Improve the Human Condition Have Failed. Yale University Press.

Scoot, J. (2006). City, people and language. Em A. Sharma e A. Gupta (Org.). The Anthropology of the State: a reader (pp. 247-263). Blackwell Publishing.

Smith, M. (2016). Urban infrastructure as materialized consensus. World Archaeology, 48(1), 164-178. https://doi.org/10.1080/00438243.2015.1124804

Sharma, A. e Gupta, A. (2006). Introduction: Rethinking Theories of the State in an Age of Globalization. Em A. Sharma e A. Gupta (org.), The Anthropology of the State: a reader (pp. 1-43). Blackwell Publishing.

Skinner, Q. (2005). La Liberdad de las repúblicas: ¿Un tecer concepto de libertad? Isegoría, 33. https://doi.org/10.3989/isegoria.2005.i33.417

Simmel, G. (2005). As grandes cidades e a vida do espírito (1903). Mana – Estudos de Antropologia Social, 11(2), 577-591. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93132005000200010

Star, S. (1999). The ethnography of infrastructure. American Behavioral Scientist, Thousand Oaks, 43(3), 377-391.

Downloads

Não há dados estatísticos.
Sistema OJS - Metabiblioteca |