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Resumo
O conceito de medicalização pode ser compreendido, de maneira geral como a transformação de um problema que antes não seria médico em uma desordem, doença, ou enfermidade, que precisa de atenção, cuidados e intervenção médica. Temáticas como o desenvolvimento infantil, os problemas de aprendizagem, o parto humanizado, a sexualidade, a estética imposta aos corpos, entre tantos outros, estão entre as temáticas nas quais o debate no campo da medicalização tem fornecido importantes aportes para subsidiar, de forma cada vez mais ampliada, movimentos acadêmicos e sociais na busca por dar visibilidade a estas questões de forma crítica e propositiva. As dimensões deste debate avançam desde o campo da educação até o da saúde, por exemplo, onde ciências como a Psicologia, a Antropologia, a Pedagogia, a Enfermagem entre outras, se encontram e produzem relevantes reflexões. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo desenvolver uma breve análise histórica do conceito de medicalização e sua importância para a compreensão da produção da normalidade e anormalidade em nossa sociedade. Para tanto, utilizou-se da revisão bibliográfica como metodologia para empreender o resgate histórico e as análises elaboradas neste trabalho. Foi possível compreender os diferentes usos do conceito de medicalização ao longo do século XX e como os diferentes processos históricos, ligados a interesses sociais e econômicos, produzem mudanças nos processos de patologização e medicalização. Este artigo finaliza como um convite a novos aprofundamentos que colaborem para a ampliação de posturas críticas sobre nossa realidade, que proporcionem reflexão e produção de novos caminhos.
Palavras-chave
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